Um grupo de jornalistas construiu no Minecraft uma biblioteca gigantesca, apenas com livros e artigos censurados por governos de diversos países. O local, chamado The Uncensored Library (A Biblioteca Sem Censura, em português), pode ser acessado por qualquer pessoa — e impressiona pela arquitetura fascinante e gigantesca. A biblioteca é uma parceria do grupo Repórteres Sem Fronteiras, que defende a liberdade da imprensa pelo mundo, e da agência de publicidade DDB.
Assista ao vídeo promocional da biblioteca (em inglês) aqui!
"O objetivo era alcançar jogadores com idades entre 15 e 30 anos, especialmente em países com censura online, para envolvê-los com o jornalismo independente", explicou o diretor de arte sênior da DDB da Alemanha, Sandro Heierli em entrevista ao site Dezeen.
A biblioteca é dividida por várias salas; cada uma é dedicada a um país e a um jornalista local que foi censurado, exilado ou morto. São eles: Jamal Khashoggi — Arábia Saudita Javier Valdez — México Mada Masr — Egito Nguyen Van Dai — Vietnã Yulia Berezovskaia — Rússia. O caso mais recente (e chocante) é de Jamal Khashoggi. O jornalista foi assassinado dentro do consulado saudita em 2018, em Istambul, após críticas ao governo local e ao príncipe herdeiro do país, Mohammad bin Salman. Segundo a BBC, o planejamento e a execução do crime foram gravados, e as fitas foram ouvidas por poucas pessoas. O corpo dele nunca foi encontrado.
A escolha foi baseada no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, produzido pela Repórter Sem Fronteiras (quanto menor o número, menor a liberdade para jornalistas), e nos países que mais jogam Minecraft segundo os dados do Google. Os textos são exibidos em livros, itens do próprio jogo. Todo o conteúdo é armazenado na nuvem através de blockchain; assim, governantes (e usuários) não conseguem monitorar o conteúdo nem alterá-lo. Entretanto, o acesso não é criptografado — ou seja, um usuário que acessa o mapa pode ter seu apelido, vinculado a uma conta, visível para todos os outros usuários.
Para amenizar isso, a biblioteca pode ser baixada como um mapa offline e até mesmo multiplicada. “O mapa offline é, depois, colocado em um armazenamento em nuvem blockchain descentralizado — sendo impossível de hackear”, afirmou Heierli. Ele continua: “Uma vez baixado, o mapa pode ser carregado novamente, permitindo que a biblioteca se multiplique. Até agora, existem mais de 200 mil cópias — isso deixa a biblioteca impossível de ser derrubada até mesmo para os próprios Repórteres Sem Fronteiras.”
Fonte: Canaltech e Pixabay